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Quando David Rankin, do Catalina Sky Survey da Universidade do Arizona, registrou o objeto 3I/ATLAS em 1º de julho de 2025 com o telescópio ATLAS no Chile, a comunidade científica ficou em alerta. Em julho, o Very Large Telescope (VLT), também no Chile, detectou **níquel** atômico sem traços de ferro no coma do cometa, um padrão nunca visto antes em objetos semelhantes. A descoberta, confirmada por vários institutos, trouxe à tona a hipótese de que o corpo pode ter uma origem tecnológica extraterrestre.

Histórico da descoberta e observação

O cometa 3I/ATLAS é apenas o terceiro visitante interestelar já catalogado – depois de ‘Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). Seu nome segue a convenção da International Astronomical Union, indicando que se trata de um objeto interestelar (I) observado por um survey (ATLAS). Depois do alerta inicial, equipes de todo o mundo mobilizaram recursos: o James Webb Space Telescope (JWST) e o VLT foram apontados para o alvo. Os dados publicados em manuscritos no arXiv em agosto de 2025 ainda aguardavam revisão por pares.

Durante seu trajeto, 3I/ATLAS passou a cerca de 1,2 AU do Sol, o que intensificou sua atividade. O cometa permaneceu visível a olho nu até setembro de 2025; depois, tornou‑se impossível de observar até que, segundo as previsões orbitais, reapareça entre o fim de novembro e o início de dezembro de 2025, dando nova chance de estudo.

Características químicas e físicas incomuns

O VLT mediu que o corpo libera aproximadamente 5 gramas de níquel e 20 gramas de cianeto por segundo, valores que aumentam à medida que a distância ao Sol diminui. Além disso, a proporção de dióxido de carbono (CO₂) para água (H₂O) no coma foi registrada em torno de 4:1 – muito acima da média dos cometas do Sistema Solar.

Esses números são surpreendentes porque, em cometas tradicionais, níquel costuma aparecer acompanhado de ferro, formando ligas típicas de meteoritos. A ausência de ferro detectado sugeriu, à primeira vista, a possibilidade de um revestimento de níquel puro usado para refletir calor – algo que lembra designs de sondas hipotéticas.

Reações dos especialistas

"A aparência do objeto sugere que ele é composto principalmente de gelo e não de rocha", explicou Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard‑Smithsonian Center for Astrophysics. Ele ressaltou que a presença de níquel no coma pode refletir processos químicos ainda pouco compreendidos, não necessariamente tecnologia avançada.

Richard Moissl, oficial de defesa planetária da Agência Espacial Europeia (ESA), tranquilizou o público ao afirmar que o cometa não representa risco de colisão: "Ele voará profundamente no Sistema Solar, passando pela órbita de Marte a cerca de 60 km/s, e depois seguirá para o espaço interestelar novamente".

O astrofísico Dr. Maia (Universidade Federal do Rio de Janeiro) comentou sobre as teorias de origem tecnológica: "A hipótese de uma esfera de níquel para proteção de calor é intrigante, mas a ciência mostra que cometas como 2I/Borisov já apresentaram níquel em pequenas quantidades, então ainda pode ser um fenômeno natural".

Para equilibrar a conversa, Marcelo Zurita, astrônomo e apresentador do programa "Olhar Espacial", sugeriu que a falta de ferro pode ser simplesmente uma questão de volatilidade: "O ferro pode ainda não ter evaporado o bastante para ser detectado nas linhas espectrais atuais".

O pesquisador Thomas Puzia, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, declarou à Smithsonian Magazine: "Acabamos de abrir a porta para um mundo totalmente novo de química interestelar". Ele acredita que a exposição prolongada à radiação cósmica pode ter criado uma camada de gelo cristalizado, capaz de reter metais de forma atípica.

Implicações para a ciência e possíveis origens

Implicações para a ciência e possíveis origens

Se a presença de níquel for realmente resultado de processos químicos longínquos, isso mudará a forma como modelamos a evolução química de corpos interestelares. A alta concentração de CO₂, por exemplo, pode indicar que 3I/ATLAS passou milhões de anos em regiões frias do espaço antes de ser ejetado para o nosso Sistema Solar.

Por outro lado, caso futuras observações confirmem padrões de emissão que coincidam com materiais artificiais, a comunidade teria que reavaliar hipóteses sobre vida inteligente. Até o momento, porém, a maioria das equipes – incluindo a NASA e a ESA – mantém a postura de que o cometa é um fenômeno natural ainda pouco compreendido.

Próximas observações e missões planejadas

Com a retomada da visibilidade prevista para o final de 2025, telescópios de grande porte como o Very Large Telescope e o JWST serão novamente alocados ao alvo. Os cientistas pretendem medir a taxa de liberação de metais com maior precisão e mapear a distribuição de voláteis no coma.

Além das observações óticas, missões de radar de longo alcance, como a do Goldstone Deep Space Communications Complex, foram solicitadas para tentar detectar possíveis estruturas sólidas que não seriam visíveis em espectroscopia.

Conclusão

O cometa 3I/ATLAS está reescrevendo o livro‑texto da química interestelar. Seja por processos naturais ainda desconhecidos ou, em um cenário menos provável, por vestígios de tecnologia extraterrestre, sua passagem oferece uma janela rara para entender como o universo distribui os elementos mais valiosos. Enquanto os telescópios se preparam para o próximo encontro, os debates em conferências e redes sociais continuam acalorados – e, de certa forma, isso só aumenta o fascínio do público pela ciência.

Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes

Como a presença de níquel no cometa 3I/ATLAS pode influenciar pesquisas futuras?

A descoberta de níquel puro sem ferro abre novas linhas de investigação sobre a química de corpos que viajam por longas distâncias interestelares. Laboratórios poderão reproduzir condições de radiação cósmica para entender como metais se separam de rochas geladas, o que pode refinar modelos de formação de planetas e luas.

Existe risco real de colisão da Terra com o 3I/ATLAS?

Não. Como explicou o oficial da ESA, Richard Moissl, a trajetória do cometa o leva a cruzar a órbita de Marte a cerca de 60 km/s e, em seguida, a deixar o Sistema Solar novamente. Nenhum cálculo aponta para interseção com a órbita terrestre.

Por que a ausência de ferro no coma é tão incomum?

Em cometas típicos, o ferro evapora junto com outros metais durante o aquecimento próximo ao Sol, formando espectros característicos. No caso de 3I/ATLAS, a hipótese mais aceita é que o ferro ainda não volatilizou ou está preso em uma matriz de gelo endurecido, dificultando sua detecção pelos instrumentos atuais.

Qual a importância da alta proporção de CO₂ versus água no cometa?

Um CO₂/H₂O de 4:1 indica que o objeto passou grande parte de sua vida em ambientes muito frios, onde o CO₂ permaneceu congelado até ser liberado de forma abrupta quando o cometa se aproximou do Sol. Esse padrão pode revelar detalhes sobre a região de origem do cometa no espaço interestelar.

Quando o 3I/ATLAS será visível novamente?

Os cálculos orbitais indicam que o cometa deve reaparecer no céu noturno entre o final de novembro e o início de dezembro de 2025, quando ficará a cerca de 2,5 AU do Sol, condição favorável para observações tanto em óptico quanto em infravermelho.

Vanessa Kuśmierska

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre assuntos relacionados ao cotidiano brasileiro. Gosto de manter meus leitores informados sobre os eventos atuais e importantes. Escrever é minha paixão e compartilhar informações relevantes faz parte do meu trabalho diário.

1 Comentários

Leonardo Santos

Isso tudo cheira a um sinal de civilização avançada, não tem outro jeito.

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