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Quando Aldair Mendes Dutra Junior, mais conhecido como Junior Dutra, anunciou que estava lutando contra uma infecção grave após um procedimento "fox eyes", poucos dias depois ele faleceu, deixando fãs e colegas perplexos. O influenciador, de 31 anos, morreu na sexta‑feira, 3 de outubro de 2025, em São Paulo, pouco depois de divulgar publicamente o sofrimento que vinha enfrentando.

Contexto dos procedimentos estéticos no Brasil

O Brasil é o maior mercado mundial de cirurgia plástica, com cerca de 1,5 milhão de procedimentos realizados em 2023, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Entre eles, os chamados "procedimentos não cirúrgicos" – como preenchimentos, fios de PDO e o popular "fox eyes" – cresceram 27 % nos últimos dois anos. A técnica usa fios de polidioxanona para levantar a região dos olhos, criando um olhar estreito e alongado que lembra o de uma raposa.

Especialistas alertam: embora menos invasiva que uma cirurgia, a aplicação de fios ainda carrega risco de infecção, deslocamento do material e até necrose cutânea. Dra. Carla Souza, dermatologista da Clínica Estética Nova Vista, explica que “a esterilização inadequada ou a inserção profunda dos fios pode criar um ambiente perfeito para bactérias”.

Detalhes da tragédia de Junior Dutra

De acordo com o relato de Junior ao canal Feed TV, o procedimento foi feito em julho de 2025 por um homem que se apresentava como médico, mas que não tinha registro no Conselho Regional de Medicina. "Assim que eu fiz o procedimento, eu senti como se fosse uma veia estourada do lado esquerdo do rosto. Do lado direito estava tudo ok, mas no esquerdo eu sentia o fio expulsando", disse o influenciador, visivelmente abalado.

Nos dias que se seguiram, Junior percebeu inchaço, vermelhidão e dor pulsante. Uma infecção se instalou, tornando seu rosto irreconhecível. Ele compartilhou fotos do quadro e alertou seguidores sobre o "descaso médico": a pessoa que realizou o tratamento garantiu que "não havia riscos" e, quando o caso se agravou, não ofereceu nenhum suporte.

O diagnóstico foi confirmado por um hospital particular de Morumbi, que identificou cellulite profunda e presença de pus ao redor dos fios. Apesar da cirurgia de emergência para retirar os materiais e iniciar antibioticoterapia intensiva, a infecção avançou para septicemia. Junior foi internado na UTI e, após três dias de luta, não resistiu.

Reações e buscas por justiça

O velório ocorreu no sábado, 4 de outubro, no Funeral Velar MorumbiMorumbi, São Paulo, das 15h às 19h. Amigos e familiares, visivelmente emocionados, pediram que as autoridades investigassem o caso e responsabilizassem o suposto profissional.

Nas redes, a hashtag #JustiçaPorJunior Dutra rapidamente superou 150 mil publicações. Influenciadores da área de beleza, como Camila Ribeiro e Felipe Andrade, chamaram atenção para a necessidade de regulamentação mais rígida dos procedimentos estéticos oferecidos por “profissionais não médicos”.

Um dos seguidores citou um caso semelhante que ocorreu em 2022, quando a influenciadora digital Bela Silva morreu após complicações de aplicação de toxina botulínica em clínica sem credenciamento. “É um padrão que precisamos quebrar”, afirmou.

Impacto e discussões sobre regulação

O caso de Junior reacendeu o debate no Congresso sobre a Lei dos Procedimentos Estéticos (Lei nº 13.123/2015), que permite que profissionais da área da saúde façam intervenções não cirúrgicas, mas ainda deixa lacunas para técnicos e “esteticistas”. Deputados da bancada da saúde propuseram um projeto de emenda que exigiria certificação obrigatória do órgão competente e proibia a prática por quem não possuir registro no Conselho.

Segundo a Associação Brasileira de Clínicas de Estética (ABCE), já há mais de 2.300 denúncias de complicações graves relacionadas a fios de PDO nos últimos dois anos. “Precisamos de fiscalização efetiva, não só de inspeções burocráticas”, reforça o presidente da ABCE, Rogério Almeida.

Próximos passos e investigação

Próximos passos e investigação

A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para apurar a identidade do profissional que realizou o procedimento e verificar se houve crime contra a vida. Testemunhas afirmam que o indivíduo, que usava jaleco, não possuía placa de CRM. A perícia já coletou amostras dos fios para análise laboratorial.

Enquanto isso, a família de Junior divulgou um pedido de apoio financeiro para custear despesas médicas que não foram cobertas pelo convênio. Um fundo de arrecadação foi criado na plataforma Kickante e já ultrapassou a marca de R$ 120 mil.

Fatos principais

  • Influenciador Junior Dutra faleceu em 3/10/2025 em São Paulo.
  • Complicações surgiram após procedimento "fox eyes" com fios de PDO.
  • O responsável não possuía registro no Conselho Regional de Medicina.
  • Mais de 150 mil publicações nas redes pedem justiça.
  • Inquérito policial investiga crime de responsabilidade médica.

Frequently Asked Questions

Quais são os riscos do procedimento "fox eyes"?

O "fox eyes" usa fios de PDO para levantar a pele ao redor dos olhos. Riscos incluem infecção, deslocamento dos fios, formação de granulomas e, em casos graves, septicemia. A taxa de complicações aumenta quando a técnica é realizada por profissionais sem formação médica ou em ambientes sem esterilização adequada.

Como identificar um profissional qualificado para procedimentos estéticos?

É fundamental checar o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) ou no Conselho Regional de Enfermagem (COREN). Clínicas sérias exibem esses números em seus sites e ambientes físicos, além de manterem protocolos de higiene reconhecidos pela Anvisa.

O que a família de Junior Dutra está fazendo para buscar justiça?

Além de acionar a polícia, a família abriu campanha de arrecadação para cobrir despesas médicas e pretende mover ação civil contra o responsável pelo procedimento. Eles também pedem que o Ministério da Saúde amplie a fiscalização de clínicas que oferecem procedimentos não cirúrgicos.

Como o caso de Junior Dutra pode mudar a legislação?

O episódio reforça a pressão por uma emenda à Lei dos Procedimentos Estéticos, que poderia exigir certificação obrigatória e restringir a prática a profissionais habilitados. Deputados têm apresentado projetos que, se aprovados, aumentariam multas e penas para quem executar procedimentos sem credenciamento.

Existe alguma medida preventiva que os consumidores podem tomar?

Sim. Pesquisar a reputação da clínica, exigir a apresentação do CRM do profissional, solicitar fotos do antes e depois de casos similares e, se possível, optar por procedimentos realizados em hospitais ou centros reconhecidos pela Anvisa são passos essenciais para reduzir riscos.

Vanessa Kuśmierska

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre assuntos relacionados ao cotidiano brasileiro. Gosto de manter meus leitores informados sobre os eventos atuais e importantes. Escrever é minha paixão e compartilhar informações relevantes faz parte do meu trabalho diário.

1 Comentários

Ariadne Pereira Alves

É lamentável o ocorrido com Junior Dutra, e serve como um alerta importante para todos que consideram procedimentos estéticos não cirúrgicos; a popularização desses tratamentos tem trazido benefícios, porém também riscos significativos, sobretudo quando realizados por profissionais sem credenciamento adequado. A técnica de "fox eyes" utiliza fios de PDO, que, se inseridos em condições não estéreis, podem criar um ambiente propício à proliferação bacteriana; isso pode desencadear infecções graves, como a que resultou em septicemia. A ausência de registro no Conselho Regional de Medicina do praticante evidencia uma falha sistêmica na regulação, que deveria impedir a atuação de indivíduos não qualificados. Além disso, a falta de transparência das clínicas quanto aos protocolos de esterilização aumenta a vulnerabilidade dos pacientes. Recomenda-se sempre verificar o número de CRM ou COREN do profissional antes de agendar qualquer procedimento; essa simples checagem pode evitar tragédias semelhantes. Também é crucial que as autoridades intensifiquem fiscalizações em ambientes que oferecem procedimentos não invasivos, aplicando multas rigorosas e suspendendo licenças quando necessário. A comunidade de influenciadores tem um papel decisivo ao divulgar informações corretas e denunciar práticas duvidosas, contribuindo para a conscientização pública. É importante lembrar que a saúde estética não deve ser tratada como mera moda passageira, mas como uma intervenção que requer responsabilidade médica. A iniciativa de arrecadação de fundos para a família de Junior demonstra solidariedade, porém não substitui a necessidade de justiça e de mudanças legislativas eficazes. Por fim, pacientes potenciais devem buscar segunda opinião médica antes de consentir com procedimentos que envolvem inserção de materiais no organismo. A educação continuada dos profissionais de estética também é um fator chave para reduzir complicações; cursos de atualização devem enfatizar técnicas assépticas. Espera‑se que o caso de Junior impulsione um debate mais aprofundado no Congresso, resultando em emendas que reforcem a Lei dos Procedimentos Estéticos, tornando obrigatória a certificação e a supervisão por órgãos competentes. Em síntese, a tragédia evidencia que a combinação de regulamentação fraca, falta de informação ao consumidor e prática irresponsável culminou em fatalidade, e medidas corretivas são urgentes.

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