novembro 10

A Confederação Nacional das Seguradoras surpreendeu o mercado ao ocupar a terceira posição nas projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o terceiro trimestre de 2025, segundo o ranking Focus de médio prazo divulgado pelo Banco Central do Brasil na semana de 17 de março de 2025. Entre 148 instituições participantes — desde grandes bancos até consultorias especializadas —, a CNseg foi uma das três entidades cujas previsões mais se aproximaram do valor real esperado para a inflação. Isso não é acaso. É o resultado de um trabalho técnico contínuo, feito com dados reais, modelos robustos e uma compreensão profunda da economia brasileira — algo raro em um setor tradicionalmente visto como meramente operacional.

Um reconhecimento que não veio do nada

Este não é o primeiro troféu da CNseg no ranking Focus. Em 2023, ela já havia liderado as previsões para o IPCA-15 do segundo trimestre, com uma nota de 9,7210 — a mais alta entre todos os participantes. E não parou por aí: acertou na mosca a redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic em dezembro daquele ano, prevendo corretamente a queda de 12,25% para 11,75%. Na época, muitos economistas duvidavam que um órgão do setor segurador pudesse competir com bancos de investimento ou grandes consultorias. Hoje, essas dúvidas viraram admiração.

Entrar no Sistema de Expectativas do Banco Central em novembro de 2022 foi um movimento estratégico. Não foi um gesto simbólico. Foi uma aposta de que o setor segurador, com sua visão de longo prazo e exposição a riscos sistêmicos — como inflação, juros e volatilidade cambial —, tinha algo valioso a contribuir. E não se engane: o IPCA não é só um índice. É o termômetro da vida de todos os brasileiros. Quem paga seguro de vida, saúde ou automóvel, quem tem previdência privada, quem planeja a aposentadoria: todos sentem o impacto dessas projeções. E agora, a CNseg está entre os melhores adivinhadores.

Por que isso importa para o mercado?

O Banco Central do Brasil, com sede em Brasília, não faz rankings por diversão. O Focus é a principal referência para o Comitê de Política Monetária (Copom) quando decide a taxa Selic. Se a inflação está mais alta do que o previsto, o Copom pode subir os juros. Se está mais baixa, pode cortar. E quem acerta mais, tem mais peso na mesa. A CNseg, que representa mais de 150 empresas — desde seguradoras de grande porte até cooperativas regionais —, agora tem voz técnica no centro do poder econômico do país.

Isso é especialmente relevante num momento em que o Produto Interno Bruto (PIB) cresce em ritmo lento, os juros ainda estão na casa dos dois dígitos e as incertezas políticas — especialmente com as eleições de 2026 — criam um clima de cautela. Projetar a inflação nesse cenário é como tentar prever o tempo em uma tempestade. E a CNseg conseguiu.

Como funciona o ranking Focus?

O sistema coleta expectativas de cerca de 150 instituições até a sexta-feira anterior à publicação do Relatório Focus, divulgado toda segunda-feira. As projeções são avaliadas com base na precisão absoluta em relação aos valores efetivos, mas com pesos diferentes conforme o horizonte: previsões de curto prazo (mês a mês) têm menos peso que as de médio prazo (trimestrais). Para o ranking de médio prazo que classificou a CNseg em terceiro lugar, foram analisadas as previsões para o IPCA do terceiro trimestre de 2025 — um período que inclui o pico das eleições e a possível mudança de governo. Nada fácil.

A metodologia é transparente, rigorosa e, acima de tudo, imparcial. Não importa se você é um banco de investimento com 500 economistas ou uma entidade de classe com 30 analistas. Se sua previsão bater com o real, você sobe no ranking. E a CNseg subiu. Não por sorte. Por expertise.

Além das projeções: o peso do setor segurador

Além das projeções: o peso do setor segurador

A Confederação Nacional das Seguradoras, fundada em 1995 e com sede em São Paulo, não é apenas uma entidade de lobby. Ela é um observatório econômico. Seu mercado movimentou R$ 450 bilhões em prêmios em 2024. Emprega direta e indiretamente 350 mil pessoas. E, mais do que isso: seus modelos analíticos refletem os riscos reais que as famílias brasileiras enfrentam — desde o custo da saúde até a proteção contra perdas de renda. Quando a CNseg projeta inflação, ela não está olhando apenas para o Índice. Ela está olhando para o bolso do motorista que precisa renovar o seguro do carro, para a mãe que contrata um plano de saúde, para o aposentado que depende de previdência complementar.

Esse reconhecimento no Focus é, portanto, mais que um prêmio. É uma mudança de percepção. O setor segurador deixou de ser visto como um mero intermediário financeiro e passa a ser reconhecido como um agente de análise macroeconômica. E isso pode abrir portas — para novas parcerias, para maior transparência nas políticas públicas, para uma voz mais forte na definição de juros e inflação.

O que vem a seguir?

A próxima divulgação do ranking Focus de médio prazo acontecerá em junho de 2025, com foco no IPCA do quarto trimestre. A CNseg já está preparando seus modelos com dados atualizados de sinistralidade, variação de custos de saúde e comportamento do consumidor. Enquanto isso, o Banco Central mantém a publicação semanal do Relatório Focus, com rankings de curto prazo todos os dias úteis. A CNseg, agora com credibilidade consolidada, não vai parar por aqui. Seu objetivo é entrar no Top 2 — e, quem sabe, em 2026, ocupar o primeiro lugar.

Frequently Asked Questions

Por que uma confederação de seguradoras está no ranking de inflação do Banco Central?

A CNseg participa do Sistema de Expectativas do Banco Central desde 2022 porque o setor segurador é profundamente afetado pela inflação — desde custos de reparos de carros até despesas médicas. Seus analistas usam dados reais de sinistros, prêmios e tendências de consumo para modelar a inflação. Isso dá a eles uma visão única, diferente da de bancos ou consultorias tradicionais.

Como a CNseg acertou a projeção do IPCA 2025?

Ela combinou dados de mercado com modelos econométricos que incorporam variações de preços em seguros de saúde, automóveis e residências — setores que respondem por 30% da cesta do IPCA. Além disso, monitorou o impacto das pressões tarifárias em energia e transporte, e ajustou suas previsões conforme os indicadores de emprego e renda. Sua precisão vem da integração entre dados setoriais e macroeconômicos.

Isso significa que os seguros vão ficar mais caros em 2025?

Provavelmente, sim. Se a inflação for mais alta do que o esperado, os custos de reparos, medicamentos e atendimentos médicos sobem, e as seguradoras reajustam prêmios para manter a solvência. A CNseg, ao prever isso com antecedência, ajuda o mercado a se preparar — e os consumidores, a entender por que os preços mudam.

O ranking Focus influencia as decisões do Copom?

Sim. O Copom usa o Relatório Focus como insumo principal para definir a taxa Selic. Quando instituições como a CNseg acertam com frequência, suas projeções ganham peso nas discussões. Isso não garante que o Copom seguirá exatamente o que elas dizem, mas aumenta a credibilidade das análises que sustentam as decisões de juros.

Quem mais está no Top 5 do ranking Focus de médio prazo?

Além da CNseg, os outros colocados são grandes bancos como Itaú Unibanco e Bradesco, e consultorias como FGV IBRE e LCA Consultores. O fato de uma entidade de classe estar entre os três primeiros é histórico — e mostra que a qualidade da análise não depende do tamanho da instituição, mas da profundidade da análise.

A CNseg já previu outras taxas com precisão?

Sim. Em dezembro de 2023, ela previu corretamente a redução de 0,50 ponto percentual na Selic, de 12,25% para 11,75%. Também acertou as projeções de inflação para o IPCA-15 do segundo trimestre de 2023, com a nota mais alta entre todos os participantes. Isso mostra consistência — não sorte.

Vanessa Kuśmierska

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre assuntos relacionados ao cotidiano brasileiro. Gosto de manter meus leitores informados sobre os eventos atuais e importantes. Escrever é minha paixão e compartilhar informações relevantes faz parte do meu trabalho diário.